sábado, 31 de maio de 2014

Ciclo 'educação, resistência e ação'

Na quarta-feira, dia 4 de junho, na sala 120 da FPCEUP, vai realizar-se mais uma sessão do ciclo desta vez intitulada "A contramão das políticas sociais e a intervenção socioeducativa". Fernanda Rodrigues, doutorada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autora de obras sobre políticas sociais em Portugal e pobreza e exclusão social, dinamizará esta sessão.





O ciclo "educação, resistência e ação" continuou, agora com o contributo de Rui Trindade, educador, ativista da educação e comunicador sem igual, professor na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UP, sindicalista, e membro do Movimento da Escola Moderna. A conversa sobre “Educação e Democracia: Questões Pedagógicas” foi no dia 9 de Abril, na sala 120 da FPCEUP.



A sessão do mês de março está marcada para o dia 18 (terça-feira), às 18 horas, na sala 120 da FPCEUP. A dinamização desta sessão, intitulada 'Arte e educação no trabalho com comunidades', será realizada por Suzana Ralha, que, entre muitas outras actividades, coordenou em Guimarães 2012: Capital Europeia da Cultura a área 'Comunidade'. 





No dia 13 de Fevereiro realizou-se, na sala 120 da FPCEUP, a sessão “Ser ‘sujeito inteiro’ no ensino superior: ‘sustentabilidade’ como pretexto”. A discussão, proposta por Eunice Macedo, foi em torno das possibilidades de promoção da cidadania educacional no ensino superior, através do desenvolvimento de estratégias metodológicas dirigidas e sustentadas no exercício da cidadania. Para isso, fez-se a análise do trabalho realizado no decurso de um IP Erasmus, com base na apreciação feita pelas pessoas jovens participantes. O curso intensivo teve lugar em Bristol no ano transato, envolvendo um total de 48 alunos de 9 universidades Europeias distintas, e explorou o tema da educação para o desenvolvimento sustentável. Partindo da compreensão da reciprocidade assimétrica que está presente na relação educativa, esta conversa propôs e mostrou formas outras de fazer educação numa lógica de promoção de sociedades mais justas e sustentáveis, à medida das nossas vidas e do nosso trabalho.






Com o título "Construindo pontes entre campos desiguais", a sessão dinamizada por Rosa Madeira, Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro e doutorada em Ciências da Educação pela FPCEUP, que tem vindo a desenvolver o seu trabalho em torno das questões da infância, decorreu no dia 9 de Janeiro na sala 119 da FPCEUP.







No âmbito do ciclo 'educação, resistência e ação', que tem vindo a ser desenvolvido em parceria com o Instituto Paulo Freire de Portugal, a 5ª sessão realizou-se no dia 10 de Dezembro às 18 horas. No mesmo dia foi lançado um livro, intitulado "equidade e educação inclusiva" de David Rodrigues.









sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade'

Segunda sessão | 26 de maio.18h | Coimbra

 




A Associação Espaços – Projetos Alternativos de Mulheres e Homens, em parceria com a Fundação Cuidar o Futuro, têm o prazer de vos convidar para a Conversa/Debate ‘Inventar a Democracia com Maria de Lourdes Pintasilgo: desafios no presente’, que terá lugar no dia 26 de maio, às 18 horas, na Sala Sá de Miranda da Casa Municipal da Cultura, na Rua Pedro Monteiro, em Coimbra (ver mapa).

Este evento realiza-se no âmbito das Comemorações do 40º Aniversário do 25 de Abril de 74 em Coimbra, e é uma das iniciativas integradas no Ciclo ‘Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade’ promovido pela Associação Espaços.

Apesar da entrada ser gratuita, solicita-se inscrição prévia para o email: coimbra@graal.org.pt.

Esperamos poder contar com a presença d@s amig@s da Espaços mais a sul!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade'


Ecos da primeira sessão


E num instante se passou de “É já amanhã!” para “Foi no sábado passado…”.

E, de facto, foi na tarde de sábado passado, dia 10 de maio, que demos início ao Ciclo ‘Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade’. 

Mas o que importa assinalar é que é a partir da tarde de sábado (bem) passado que, para as pessoas que estiveram à conversa, se foram desvelando caminhos e encruzilhadas da cidadania, da democracia e da política na sociedade portuguesa atual, pelo olhar da Maria de Lourdes Pintasilgo.

O ponto de partida para esta sessão foram 6 textos de sua autoria compilados na Antologia Para um Novo Paradigma: um mundo assente no cuidado:

·         Cuidar o futuro (pp. 127-139);
·         International movement towards democracy (pp. 165-175);
·         Inventar a democracia (pp. 197-203);
·         Ética, cidadania e política (pp. 205-217);
·         Changing values in a world in transition (pp. 397-408);
·         Pour une participation créatrice (pp. 435-439) ;
·         Des voies pour une démocratie culturelle (pp. 441-444).

Cedo se descobriu que o mote para a tarde abria portas a uma necessariamente complexa teia de outros conceitos, processos e fenómenos sem os quais cidadania, democracia e política seriam apenas palavras esvaziadas de um sentido vivenciado e refletido, conceitos abstractos desligados dos nossos sistemas concretos de vida. O que é o mesmo que dizer que as boas e consequentes conversas não podem deixar de ser como as cerejas, e esta foi!

A Liliana Lopes propôs-nos dar o primeiro passo a partir dos ecos de 2 frases de Maria de Lourdes Pintasilgo:

Estar / Ser no mundo, de forma consciente, implica necessariamente um dizer, um fazer, um fruir. (p.435)
O acesso de cada indivíduo ao real é condição estruturante e sentido de desenvolvimento de toda a democracia, caso contrário o sujeito ficará de fora da história que é instado a viver. (p.436)

A partir daqui, os trilhos que cada um/a traçou com base na sua experiência e do modo como apreende a realidade portuguesa na atualidade foram sendo partilhados, levando-nos à formulação de proposições e questões essenciais para a construção deste debate, cruzando as nossas palavras com as de Maria de Lourdes Pintasilgo.

Deixámos os caminhos abertos para os podermos percorrer continuamente, e…

… e que tal darem alguns passos aqui connosco? Partilhamos os nossos itinerários de exploração, na esperança de que as próximas sessões do Ciclo MLP possam contribuir para irmos mais longe… junt@s!

-Porque é que algumas pessoas participam e outras não?
E o que significa participar?
Todas as formas de participação têm a possibilidade de ser consequentes para a mudança?

É preciso garantir a todos os cidadãos as condições que favorecem
a sua participação activa e criadora em todos os níveis do sistema cultural. (p.443)
Para nós não há, portanto, participação na vida cultural sem que o sujeito esteja capaz de intervir de forma assumida e consciente no processo global que é o sistema cultural.
«Socializar a cultura» é tornar essa possibilidade acessível à maioria. (p. 443)
Só haverá verdadeira participação das massas populares na cultura quando todos os cidadãos,
incluindo os grupos sociais mais desfavorecidos, tiverem conquistado as condições de
desenvolvimento pessoal que lhes permitam assumir-se enquanto cidadãos culturais de pleno direito. (p.444)
Sem participação dos cidadãos, a democracia torna-se cada vez mais o que um politólogo
francês, Patrick Viveret, chamava há semanas «a confiscação do poder» pela democracia. (p.135)
As pessoas eleitas estão cada vez menos conectadas com o seu eleitorado durante o exercício do seu mandato. Os eleitores sentem-se marginalizados, não levados em conta, já que as decisões são tomadas sem ter em consideração as suas posições. Um voto a cada 4 ou 5 anos torna-se irrelevante. (p.173)
A democracia representativa foi esvaziada da sua essência – a representação – e tende a tornar-se uma mera democracia formal. (p. 173)
Os mecanismos existentes não são suficientes para que as pessoas se expressem no tempo devido e a propósito das questões importantes. (p.173)


- A política está hoje submetida às lógicas impostas pelos poderes económico-financeiros
Toda?
O que é política?
É o mesmo que ação política?
Qual tem sido/deve ser o papel dos partidos?

A política é de todos e de todos os dias.
O primeiro lugar do exercício da política é o nosso próprio lugar no momento presente. (p.213)
É a pessoa humana a primeira e última finalidade de toda a decisão política.
Transformá-la num instrumento de objectivos científicos, económicos ou financeiros é quebrar o esteio da política e da cidadania que reside no carácter inviolável da dignidade humana. (p.207)
E assim o fosso entre a classe política e os cidadãos cresce a cada dia.
As pessoas já não acreditam na competência e na capacidade de concretização dos seus líderes. (p.173)
Na maioria dos países, os partidos políticos impõem uma disciplina de voto tão rígida que os deputados, em vez de representarem as posições dos seus eleitores, são, de facto, representantes das perspectivas da comissão política do seu partido. (p.173)
É preciso articular o sistema cultural, em toda a sua multiplicidade, com o
sistema complexo e diversificado de tomada de decisão política.
É preciso, já o dissemos, «reconhecer o coeficiente político de toda a acção cultural
e atribuir à acção política um conteúdo cultural». (p.441)


-A mudança só poderá acontecer a partir de uma atitude de questionamento
  O que é preciso para questionar?
E todos temos condições objetivas para questionar?

Isto implica uma mente questionadora, uma atitude dinâmica e uma capacidade para reformular continuamente o nosso próprio entendimento das coisas e as nossas convicções pessoais. (p.408)
É um facto que, em cada momento, a informação e as suas interpretações estão firmemente armazenadas e seguras, e isso permite a formulação de questões sempre que surjam novos estímulos. (p.408)
Mas quero deixar isto claro: uma mente questionadora não opera no vazio. (p.408)
Encarar a dimensão cultural de toda a vida social exige que sejamos capazes de questionar factos que se impõem como evidências, mas que não são senão mistificações partilhadas pela maioria. (p.441)


- A chave para a transformação da democracia e da cidadania é a educação.
De que educação falamos?
Onde acontece educação?
A educação pode tudo?

Ninguém tem a informação, as ferramentas necessárias para estar
à altura das situações. Assim, todos os que estão envolvidos na empresa da educação
têm que descobrir que são também aprendentes. (p.408)
Mais do que isso, a vida será percebida como um sistema de aprendizagem no qual todos
os elementos fornecem informação e ajudam cada um a formular as suas próprias questões. (p.408)
A questão essencial aqui não é de capacidade intelectual mas antes de segurança afectiva – isto permite desafiar os limiares da estabilidade, dar saltos quânticos, «surfar» as ondas da transformação social. (p.408)
[…] a educação é o processo de maturação do sujeito, a sua integração consciente numa comunidade, numa história de factos e de ideias, na língua materna e nas  línguas que estruturam o seu espírito na alteridade, condição de aceitação do outro e, no limite, de uma cultura de paz. (p.202)
O sujeito é sempre veiculado na observação do objecto. […]
Tão importante como o trabalho sobre o objecto é o trabalho do sujeito sobre si próprio. (p.214)
Assim, na cidade, o ser humano não é apenas o observador mais ou menos atento,
muitas vezes céptico e indiferente, outras vezes analista político de ocasião.
A cidade (figura da polis) é o lugar onde o ser humano emerge como sujeito.
Pela diversidade da sua actividade.
Pelo entrosamento de finalidades e meios de acção com os outros seres humanos.
Pela atenção constante aos acontecimentos.
Pela importância de que se reveste a acção, traz sempre consigo
uma forma própria de saber e de saber fazer, tornando-se assim,
na linguagem do grande pensador Paulo Freire, agente de cultura. (p.298-209)


E foi por estes caminhos que, em pouco mais de duas horas, nos aventurámos e refletimos em conjunto. Mesmo que a discussão se tenha, aparentemente, afastado da nossa referência principal, Maria de Lourdes Pintasilgo acompanhou-nos durante todo o percurso. Dos excertos acima indicados, nem todos foram lidos durante a nossa viagem de exploração democrática mas é neles que se espelham as nossas principais conclusões, das quais destacamos

 a necessidade de questionar e de construir ativamente o caminho,
 propondo a distinção entre o que é educação, socialização e cultura,
 atendendo a que cada pessoa experiencia subjetivamente condições de vida aparentemente semelhantes,
 evitando a diabolização de estruturas, como a escola, os partidos ou a mídia, espaços onde vale a pena não virar costas à luta.

Esperamos que o início do Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade' seja precisamente isso, só um início. O início de algo maior e melhor, de um movimento capaz de fazer jus à eminente Mulher que nos tempos de hoje é tão pertinente recordar.