segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade'

Terceira sessão | 13 de junho.18h | Café Progresso.Porto

 

'Retomar o diálogo dos Direitos Humanos com Maria de Lourdes Pintasilgo'

 



Maria de Lourdes Pintasilgo é uma das personalidades portuguesas que mais profundamente pensou os Direitos Humanos, enquadrados numa “ética global” e numa empenhada noção de política e de cidadania. São estas mesmas noções que pretenderemos retomar, atentando numa necessária reinvenção democrática concretizada em tópicos como equidade, direitos das mulheres, construção partilhada de futuro.

"Retomar o diálogo dos direitos humanos” implica pressupor que este diálogo se deixou e se deixa interromper, exigindo que, a partir do legado de Maria de Lourdes Pintasilgo, encontremos a dinâmica de uma construção e de um desafio local e global, quotidiano e intemporal: a invenção da democracia como responsabilidade coletiva e paritária.

Este é o mote para a 3ª sessão do Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade', que o Hugo Monteiro e a Susana Constante Pereira vão dinamizar a partir do desafio da Espaços.

Na sexta-feira, dia 13 de junho, às 18h, no Café Progresso, venham conversar connosco e saborear o melhor café de saco do Porto.

Agradecemos confirmação de presença por e-mail, por questões de gestão logística.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade'

Ecos de Coimbra


A 2ª sessão do Ciclo 'Maria de Lourdes Pintasilgo em Conversa: Intervenção e Atualidade' teve lugar no dia 26 de maio, em Coimbra, integrada no programa das Comemorações do 40º Aniversário do 25 de Abril de 74 naquela cidade.

Em parceria com a Fundação Cuidar O Futuro que, na figura da Margarida Santos, Presidente do Conselho de Curadores, abriu a sessão, a Espaços propôs o desafio - no presente, para o futuro, e com raízes no nosso passado - de 'Inventar a Democracia com Maria de Lourdes Pintasilgo'. E o desafio foi acolhido por mais de 50 pessoas que, ao longo de 2 animadas e frutuosas horas de conversa, exploraram connosco alguns caminhos possíveis na senda da inquietação, que partilhamos, de

(...) saber o que nessa nossa experiência levou a democracia a implodir
não só na ética que a deve conduzir como também
na eficácia dos seus próprios mecanismos (...)
  e de
 (...) tentar ver se nas ideias e nas realizações da segunda metade do século XX
se esboçam novos fundamentos para a democracia.
(Maria de Lourdes Pintasilgo, Inventar a Democracia, 2002)



Depois da Cláudia Múrias traçar a linha que une a Associação Espaços ao legado de Maria de Lourdes Pintasilgo para a transformação social e para a criação de uma outra via de desenvolvimento para as sociedades humanas, a Liliana Lopes partilhou algumas interpretações e interpelações possíveis suscitadas pela sua leitura e análise das perspetivas de Maria de Lourdes Pintasilgo sobre democracia, política e cultura - 3 grandes domínios que, em articulação complexa e permanente, definem os limites e as possibilidades de uma cidadania plena para todas as pessoas.



Cada participante foi convidad@ a percorrer também um vai-e-vém entre as palavras de Maria de Lourdes Pintasilgo, as linhas deixadas pela Liliana e pela Cláudia, a sua reflexão e as suas experiências, e a tomada/partilha da palavra.






E assim se construiu um diálogo a muitas vozes.









À medida que a conversa ia fluindo por entre constatações e questionamentos, adivinhavam-se e formulavam-se propostas para uma ação consequente com a premência da democratização, culturalização e politização da vida quotidiana, destacando o lugar central da educação nestes processos. E, falando do e no nosso presente, íamos encontrando eco em frases deixadas, algumas há várias décadas, pela mulher das cidades futuras:



Uma das principais tarefas, em democracia, é a criação de uma vontade comum,
ou, como algumas  pessoas dizem, o processo de construção de consenso [...]
Vivemos num impasse no que respeita à vontade comum. Os mecanismos
existentes não são suficientes para que as pessoas se expressem no tempo devido
e a propósito das questões importantes.
E assim o fosso entre a classe política e os cidadãos cresce a cada dia.
(Maria de Lourdes Pintasilgo, International Movement Towards Democracy, 1991)
 
É enquanto locatária, consumidora, beneficiária que cada pessoa
é instada a participar na determinação dos fins e dos meios da democracia
e a exercê-la quotidianamente [...] Caso contrário,
a dimensão e o significado político dos acontecimentos e dos actos dissolve-se.
(Maria de Lourdes Pintasilgo, Pour une Participation Créatrice, 1999)

É a pessoa humana a primeira e a última finalidade de toda a decisão política.
Transformá-la num instrumento de objectivos científicos, económicos ou
financeiros é quebrar o esteio da política e da cidadania que reside no carácter
inviolável da dignidade humana.
A política é de todos e de todos os dias.
O primeiro lugar do exercício da política é o nosso próprio lugar no momento presente.
(Maria de Lourdes Pintasilgo, Ética, Cidadania e Política, 2002) 

Acreditamos que, em Coimbra, se lançaram as sementes para novos ciclos de partilha, a partir dos quais as pessoas encontrem a força de um coletivo empenhado no exercício quotidiano da democracia, proposta radical na luta pela cidadania plena e universal e pelo desenvolvimento humano sustentável.

E agradecemos a tod@s quant@s connosco construíram e partilharam este momento de exercício da política, um verdadeiro reforço de energia e ânimo para os próximos passos nesta caminhada!

Nota: e um agradecimento especial à nossa fotógrafa de ocasião, a Rute Castela, sem a qual não haveria imagens a acompanhar este registo.