quinta-feira, 29 de março de 2012

Lideranças Partilhadas. Percursos de Literacia para a Igualdade de Género e Qualidade de Vida

A presente publicação resulta do trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Literacia para a Igualdade de Género e Qualidade de Vida: Lideranças Partilhadas da Fundação Cuidar O Futuro.

Esta publicação reúne contributos de mulheres e homens que participaram de formas diversas nos percursos realizados: como representantes de organizações parceiras e codinamizadoras ou dinamizadores dos workshops; como facilitadoras (parcerias transnacionais) no processo de reflexão das equipas do projeto e de dinamização; como participantes nos workshops; como avaliadoras externas ou ainda como membros da equipa do projeto.

De sublinhar também o contributo da oradora sueca convidada para proferir a conferência sobre Consciência cívica enquanto forma moderna de solidariedade social, realizada já na fase final do projeto, servindo de semente de e para o futuro.

Os textos demonstram a pluralidade de vozes que se cruzaram neste percurso de literacia para a liderança, na dupla perspetiva de igualdade de género e de qualidade de vida. Para além da informação sobre a ação realizada neste projeto, nalguns deles encontra-se também informação sobre a investigação realizada no âmbito do Programa de Investigação e Intervenção da Fundação Cuidar O Futuro, onde foi preparado o “chão de partida” para a conceção deste projeto.

No intuito de encontrar uma certa lógica, embora que difusa, optou-se por reunir os textos em três capítulos.

O capítulo À PROCURA DE UM CHÃO DE PARTIDA. CONTRIBUTOS IMPULSIONADORES agrega os textos que sustentaram o projeto Literacia para a Igualdade de Género e Qualidade de Vida: Lideranças Partilhadas, quer na formação da equipa, quer na preparação do grupo alargado de dinamizadoras e dinamizadores.

Em Lideranças Partilhadas. A caminho de um novo paradigma? Marijke de Koning dá voltas nómadas através de percursos de literacia para a liderança de mulheres realizados no âmbito da Fundação Cuidar O Futuro, desde 2004, no intuito de sistematizar e problematizar a experiência de investigação-ação e a metodologia utilizada. O próprio processo de liderança da equipa do projeto é objeto de reflexão, bem como a viabilidade de lideranças partilhadas.

Em Reflexões sobre literacia de mulheres para a liderança, a viagem de uma amizade, Ine van Emmerik explora o desenvolvimento da liderança das mulheres como um caminho circular, com base na imagem do zigurate introduzida por Maria de Lourdes Pintasilgo.

Em Espaço em branco, intervisão e agência partilhada, Ine van Emmerik aborda o espaço em branco enquanto lugar que fica na transição entre a ordem e a surpresa, onde se propicia o aprender no encontro, na intervisão e no confronto com a alteridade para atingir uma agência partilhada.

No texto Vitamina C para comunidades. Comunicación como arte y arte como comunicación, Jeannette Claessen une comunicação a arte comunitária no sentido do desenvolvimento da comunidade visando a redução de riscos sociais através de uma autêntica participação das pessoas.

O capítulo QUESTIONANDO PRÁTICAS, CRUZANDO TRAJETOS reúne os textos que aprumam posturas desafiadoras de questionamento da teoria ao serviço das práticas

Em Consciência cívica enquanto forma moderna de solidariedade social, Kerstin Jacobsson introduz as noções de consciência cívica e de co-sentimento cívico enquanto categorias sociológicas, abordando a combinação específica de individualismo e coletivismo característica da cultura cívica sueca para conceptualizar os laços sociais e os mecanismos de integração e solidariedade sociais na Suécia contemporânea.

Em Produzir conhecimento a partir das pessoas, Teresa Toldy analisa os desafios colocados pela crítica feminista à produção de discursos de mulheres para mulheres, nomeadamente os desafios colocados à palavra por silêncios que se constituem como formas de resistência ao discurso regulador.

Hugo Monteiro, no texto Diálogo, investigação e emancipação: percursos partilhados, parte da noção de diálogo como abertura ao outro e emancipação pessoal e social que faculta vias complexas e partilhadas de significação e descoberta, para ensaiar interrogar o alcance metodológico sugerido na expressão aprendizagem pela conversa e questionar o conceito de lideranças partilhadas.

Em Conversa(s) sobre qualidade de vida e trabalho social: do desenvolvimento pessoal ao desenvolvimento social significativo, Liliana Lopes conceptualiza a qualidade de vida enquanto desenvolvimento pessoal e social para refletir sobre o papel desempenhado por trabalhadoras e trabalhadores sociais na promoção da melhoria sustentada da qualidade de vida das populações, abordando as tensões dialéticas surgidas nos worshops do projeto.

No texto Ideias a desconstruir ou a reinventar: questionando percursos tradicionais de liderança de mulheres e de homens, Cláudia Múrias e Raquel Ribeiro procuram constituir o percurso de literacia para a igualdade de género da equipa coordenadora do projeto, enquadrando ainda, resumidamente, a proposta de igualdade de género subjacente ao mesmo.

Em Aprender pela conversa: assim como e depois?, Eunice Macedo e Amélia Macedo questionam a aprendizagem pela conversa enquanto instrumento de lideranças partilhadas para a construção de literacia, igualdade de género e qualidade de vida, recorrendo às observações efetuadas sobre os workshops do projeto e aos conceitos de voz de Arnot e de democracia inclusiva de Young.

O capítulo ANCORANDO EXPERIENCIAS PLURAIS: REFLEXÕES A PARTIR DE VIVÊNCIAS agrupa os textos que ancoram as narrativas produzidas nas vivências experienciadas neste projeto.

Em Estereótipos sobre as mulheres: apontamentos para uma abordagem histórica, António Nunes mostra como a educação das mulheres, em Portugal e durante os inícios do Estado Novo, acabou por traduzir um conjunto de clichés sobre as mulheres que se têm tornado difíceis de modificar, salientando que o momento narrático ao organizar o não-formal faz emergir o reencontro com a problemática, deslocando-a da periferia para o centro da nossa civilização.

Fátima Veiga, no texto A construção de lideranças num contexto de (in)diferença ao nível do género e da exclusão social, reporta o envolvimento da EAPN Portugal no projeto, salientando os pontos de interesse e de união entre a missão da organização e as temáticas e objetivos centrais do mesmo, nomeadamente a liderança, as questões de género, a pobreza e a exclusão social, e reflete acerca das dinâmicas vivenciadas nos workshops, evidenciando os testemunhos de várias participantes.

No texto Reflexões sobre Lideranças Partilhadas: um projeto que conheci e vivi, Ionut Cosmin Nadă propõe-se a apresentar uma visão diferente sobre o projeto por pertencer a um simples participante nas atividades e por apresentar um olhar do exterior, mas não distante ou pouco envolvido. Faz ainda uma curta radiografia de Portugal, através de um aparelho de fabricação estrangeira, conferindo uma visão outra sobre o país, mas em sintonia com os objetivos do projeto.

Em Voos Sustentados, Filipa Júlio, jornalista de profissão, responde ao desafio de descrever, com um olhar jornalístico, a implementação do projeto Lideranças Partilhadas na Semente de Futuro, uma das parcerias rurais do projeto. Aceitado o repto, usa a caneta e o papel em branco para viajar um pouco pelas experiências partilhadas por algumas das intervenientes, entre outras pelas duas dinamizadoras Ana Maria Braga da Cruz e Bonina Brandão.

Por último, no texto Das motivações às apreciações. Aprendizagens pela conversa na literacia para a igualdade de género, qualidade de vida e lideranças partilhadas, Raquel Ribeiro e Cláudia Múrias debruçam-se sobre as motivações e apreciações das 248 pessoas participantes nos workshops, para discutir o contributo do projeto na promoção de literacia para a igualdade de género, qualidade de vida e lideranças partilhadas.

Os nossos agradecimentos dirigem-se a autoras e autores que aqui estão presentes com a palavra escrita, mas também a todas e todos que participaram com as suas vozes e os seus silêncios nas Conversas, que constituíram o contexto onde se pode questionar práticas e ir reinventando formas outras de agir.

Um especial agradecimento às autoras do prefácio, Luiza Cortesão, Presidente do Instituto Paulo Freire de Portugal (IPFP), e do posfácio, Helena Costa Araújo, Diretora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). Sem estas parcerias de primeira hora, este projeto não teria tomado o rumo que tomou. (Múrias & Koning, 2012: 11-14).

Lideranças partilhadas: circulando pelos percursos de literacia


O seminário “Lideranças Partilhadas: Percursos de literacia para a igualdade de género e qualidade de vida” contou com a participação de oito dirigentes da Espaços em vários momentos distintos dos trabalhos organizados pela coordenação do projeto Lideranças Partilhadas e pela Fundação Cuidar O Futuro.

Este seminário, para além de promover a reflexão sobre o diversificado trabalho desenvolvido, pretendeu fazer a apresentação e disseminação dos produtos do projeto e perspetivar formas de continuação da ação de sensibilização iniciada, através da manutenção das redes parceiras construídas em prol da igualdade.

Neste sentido, salientamos as comunicações de Marijke de Koning, presidente do Conselho Fiscal, sobre Lideranças Partilhadas. A caminho de um novo paradigma? e de Liliana Lopes, vice-presidente, sobre Conversa(s) sobre qualidade de vida e trabalho social: do desenvolvimento pessoal ao desenvolvimento social significativo, as avaliações sobre a metodologia de aprendizagem pela conversa apresentadas por Raquel Ribeiro, Amélia Macedo e Eunice Macedo, a apresentação dos livros "Lideranças Partilhadas. Caderno de Trabalho: Propostas de literacia para a igualdade de género e a qualidade de vida" e "Lideranças Partilhadas. Percursos de Literacia para a Igualdade de Género e Qualidade de Vida" por Alexandra Carvalho, tesoureira, e Cláudia Múrias, vice-presidente, e ainda a apresentação pública da associação Espaços feita pela presidente da Direção, Eunice Macedo. 


As palavras de reconhecimento transmitidas pelas entidades parceiras, cidadãos e cidadãs em geral, tornaram-se num estímulo para continuarmos a elaborar novas propostas de literacia em igualdade de género e qualidade de vida.    
















quinta-feira, 8 de março de 2012

Partilhar Lideranças: uma questão de igualdade e cidadania

Este ano comemoramos o Dia Internacional das Mulheres com a realização da tertúlia “Partilhar Lideranças: uma questão de igualdade e cidadania”, na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira, a convite do Centro Local de Aprendizagem (CLA) da Universidade Aberta (UAb).

Cátia Lemos, coordenadora do CLA perspetivou esta cooperação institucional enquanto forma de introdução do debate sobre questões de cidadania e de igualdade de género a nível local, junto da comunidade do concelho em geral e de estudantes da UAb em particular.

Esta tertúlia, dinamizada em conjunto por Eunice Macedo e Cláudia Múrias e com bastante participação da comunidade local, teve a particularidade de constituir a primeira atividade aberta ao público da Espaços. 

http://bibliotecasjmadeira.blogspot.pt/2012/03/tertulia-partilhar-liderancas-uma.html