Numa
sociedade que se quer de conhecimento e de aprendizagem contínua,
faz-nos sentido a partilha sistematizada da experiência vivida, de modo
que possa ser questionada por outras pessoas. Daí a ousadia de
apresentar aqui algumas sugestões de trabalho.
Assim, tal como afirmámos inicialmente, "não pretendemos “formar”
ninguém, este caderno não é um manual de instrução, onde conceitos e
textos teóricos, aplicações práticas e exercícios conduziriam o/a
leitor/a a aperfeiçoar as suas capacidades e competências no domínio da
liderança. Este caderno serve antes como proposta de Percursos de
Literacia para serem conduzidos e co construídos pelos/as próprios/as
participantes" (Múrias, Koning, & Ribeiro, 2010: 6).
A nossa proposta, revisitando a inicial, é que o Caderno possa
constituir um desafio para a realização de Percursos de Literacia com
diversos grupos sociais. Assim, desejamos que este Caderno possa ser uma
ferramenta útil e contribuir para a construção de espaços de
sensibilização e conscientização capazes de enformar novas práticas,
permitindo o envolvimento de um número cada vez maior de cidadãs e
cidadãos com uma consciência crítica capaz da emergência de
feminilidades e masculinidades alternativas em liderança.
“Tivemos cinquenta anos de fascismo. Portanto, nós habituamo-nos a
reconhecer como líder aquele que é autoritário, aquele que manda, aquele
que pode, aquele que exerce autoritariamente o seu poder”, afirmou uma
participante num dos workshops realizados no contexto da Fundação Cuidar
O Futuro. Será que vamos conseguir vencer a reprodução destes
estereótipos e hábitos? Ou será que a proposta de reinventar lideranças e
de transformar as formas dominantes de liderança em formas de liderança
partilhada constitui uma utopia?
Acreditamos que é preciso traduzir os horizontes das dimensões utópicas em projetos concretos de intervenção em que problematizamos o nosso agir. É importante abrandar e conversar. Foi essa a proposta do projeto Lideranças Partilhadas: proporcionar espaços e momentos de conversa, reflexão e partilha. É esse o desafio que, no termo do projeto, apresentamos neste Caderno a outras pessoas e grupos.
No Capítulo Aprendizagem pela conversa tentamos fundamentar a proposta
de uma metodologia de aprendizagem narrativa e existencial.
No Capítulo Conceitos em construção apresentamos contributos para a
concetualização dos elementos centrais dos percursos de literacia que se
propuseram neste projeto – igualdade de género, qualidade de vida,
lideranças partilhadas – assumindo o nosso posicionamento.
O Capítulo Operacionalização da metodologia: guias de ação e tipologias
de workshops inclui propostas concretas para a dinamização dos workshops
de Aprendizagem pela conversa segundo as tipologias que estruturaram o
projeto, com potencial para ser apropriado e recontextualizado em torno
de tópicos e espaços distintos.
No sentido de que este Caderno passe a ser vosso, resta-nos desejar-vos bom trabalho.
Boas conversas!
Marijke, Cláudia, Raquel, Alexandra e Liliana
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